Uma vida em partituras
Pesquisador Cláudio Galvão dissecou a carreira
profissional do pianista Foto: Arquivo DN/D.A Press
Antes de Cidade do Sol, Natal foi reconhecida como Cidade dos Pianos. Tempos áureos da Belle Époque. Talvez tenha sido o poeta seresteiro Lourival Açucena quem abriu os ouvidos da cidade ao lirismo musical daquele início de século 20. A orquestra comandada pelo músico seridoense Tonheca Dantas, no recém-inaugurado Royal Cinema, ensinou ao natalense a boa música dos concertos populares. Versos da Praieira de Othoniel Menezes eram entoados em cada esquina da cidade de muros baixos. Mas foi um jovem pianista quem revolucionou o estudo da música em Natal e se tornou o maior concertista do Brasil de sua época: Oriano de Almeida (1921-2004).
O título do livro escrito pelo pesquisador Cláudio Galvão - O Céu era o Limite - disseca a vida profissional de Oriano de Almeida até seu fim melancólico. O pianista recrutado por Villa Lobos para execução de suas composições mais complexas e classificado pela crítica carioca como o único concertista a cobrar ingressos e lotar o TeatroMunicipal do Rio de Janeiro morreu solitário aos 83 anos, vítima de câncer. Para Cláudio, Oriano foi único em sua época. Pianistas com seu nível técnico, apenas Magdalena Tagliaferro, sua professora, e Guiomar Novaes. Ainda assim, a primeira viveu mais em Paris e nenhuma se dedicou ao ritmo de excursões e concertos como Oriano.
A biografia de Oriano de Almeida será lançada às 19h no Palácio da Cultura, acompanhada de um CD composto por músicas autorais e de compositores clássicos como Chopin, Villa-Lobos e do primo e tutor Waldermar de Almeida. São canções representativas da trajetória deste músico desconhecido pela maioria dos potiguares, responsável pela formação dos melhores pianistas de Natal. Durante 21 anos, o curso de piano Oriano de Almeida fez história e entregou de presente à cidade pianistas como Marluze Romano, Luiza Maria Dantas, Nilda Cunha Linha, Magnólia Monteiro Pereira e Leonor Gonçalves Dias.
Segundo Cláudio, a vinda de Oriano a Natal, um mês por ano para ministrar o curso, era um acontecimento. Oriano, o pianista destacado nos palcos cariocas e enaltecido pela mídia sulista chegava à província sob homenagens e badalações. Foi assim durante mais de 20 anos. Em 1950, o menino prodígio iniciado em um recital aos 14 anos nos palcos do Recife alcançava o auge da carreira. Somente em 1958 gravaria seu primeiro LP, pela RGE, interpretando Valsa de Paris e Canção de Lílian, ambas de sua autoria. Tornou-se um dos maiores intérpretes da obra de Chopin.
Serviço
Lançamento literário
Livro: O Céu era o Limite - uma biografia de Oriano de Almeida
Autor: Cláudio Galvão
Data e hora: hoje, às 19h
Onde: Palácio da Cultura (por trás do Instituto Histórico e Geográfico do RN, no Centro)
Valor: ainda indefinido
FONTE: Diário de Natal
SUGESTÃO DE:
Lúcia Helena Pereira
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