NOTÍCIAS DA LUSOFONIA

terça-feira, 31 de agosto de 2010

História do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

Com a transferência da Família Real portuguesa e da Corte para o Brasil, em consequência das invasões francesas em Portugal, o príncipe regente, futuro El-Rei Dom João VI, eleva a colónia do Brasil à condição de reino dentro do Império Português, que assumiria a designação oficial de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a partir de 16 de dezembro de 1815.
O Reino Unido teve apenas dois reis. No entanto, o título Príncipe do Brasil já era utilizado pelos herdeiros da Corôa Portuguesa desde 1634. O reino foi elevado à categoria de Império por Dom João VI, aquando da independência brasileira.

D. João VI

O príncipe regente e futuro rei D. João VI, durante o período final do reinado de sua mãe, D. Maria I, elevou em 1815 o Brasil da condição de vice-reinado colonial à de reino autónomo, intitulando-se desde então pela Graça de Deus Príncipe-Regente de Portugal, Brasil e Algarves, daquém e dalém-mar em África, senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. O título oficial anterior era o mesmo, apenas não incluindo a palavra "Brasil".

Posteriormente, durante o Congresso de Viena em 1815, como consequência do estabelecimento da Casa de Bragança e da capital do Império Português no Rio de Janeiro, no ano de 1808, durante as guerras napoleónicas, D. João VI estabeleceu a nova designação de Reino Unido para as suas coroas, em regime jurídico similar ao do actual Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda ou do extinto Império Austro-Húngaro.
Em 1816, D. João VI iniciou hostilidades no sentido Banda Oriental, atacando contra José Artigas, dirigente máximo da Revolução Oriental. Os domínios portugueses da época ficaram a partir de então oficialmente designados como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e D. João passou a ostentar o título de Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, sendo príncipe e posteriormente rei das três coroas unidas, entre as quais, aquela onde residia, como Rei do Brasil.

Aclamação de Dom João VI, no Rio de Janeiro - Gravura de Debret
  
Após a morte de sua mãe, considerada a primeira rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil, e Algarves, D. João foi aclamado na corte do Rio de Janeiro como sucessor real. D. Maria I permanecera com o título por apenas um ano.
O Príncipe D. Pedro de Alcântara, último herdeiro da Coroa portuguesa a ostentar o título de Príncipe do Brasil, não chegou a ser rei do Reino Unido de Portugal, Brasil, e Algarves, pois autoproclamou-se Imperador do Brasil quando declarou sua Independência. Só depois da morte de seu pai, D. Pedro I do Brasil foi considerado rei de Portugal como D. Pedro IV de Portugal. Chegou a receber, contudo, o título de Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Em termos de dimensão territorial, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves foi um dos Estados mais vastos do Mundo. O seu território, além de incluir Portugal e o Brasil, incluía, ainda os domínios ultramarinos portugueses, espalhando-se pelos cinco continentes habitados da Terra.
Na Europa, o Reino Unido incluía Portugal Continental, os Açores e o Arquipélago da Madeira.
Na América, incluía o território atual do Brasil (excepto o Acre e os territórios recebidos do Paraguai em 1872), o actual Uruguai (como província Cisplatina) e a Guiana Francesa.
Em África, incluía Cabo Verde, a atual Guiné-Bissau, Ziguinchor e Casamansa, São Tomé e Príncipe, São João Baptista de Ajudá, Cabinda, Angola, Moçambique e parte do actual Zimbabué.
Na Ásia, incluía Goa, Damão, Diu e Macau, além de reivindicações sobre Malaca e Ceilão (atual Sri Lanka). Na Oceania, incluía Timor Oriental, Solor, Flores e reivindicações sobre as costas ocidentais da actual Papua-Nova Guiné e sobre as ilhas Molucas, hoje na Indonésia.

POESIA DE "GRAÇA CAMPOS" DE MINAS GERAIS - BRASIL.

Fotografia


Era como se quisesse
Deixar de lado
Aquele porta-retrato
Que ostenta magnífica
Imagem fotográfica

Meio sorriso
Em branco e preto
Salienta luz em face
Fotografia cobiçada
Os mais precisos alertas

De cor de noite sem lua
Os olhos se acendem no flash
Quase a saltar expressivos
Profundo olhar
Mil segredos...

Leia-me:
Sou a voz interior
Sou janela de meu ser
Transbordante do querer
Jamais viver solitário
Percorro espaço e o tempo
A espera de um abraço

Mil histórias contidas
Pedaços de mim em meus olhos
Retratos de uma vida...
Graça Campos

LANÇAMENTO DO LIVRO " a bossa nova de Hianto de Almeida", EM NATAL/RN - BRASIL.


FONTE:

Ainda Resta a esperança-Clevane Pessoa sobre foto de Fernando Barbosa











































Adoro as fotografias de Fernando Barbosa-que além de fotógrafo , é poeta, autor de teatro, diretor, sonoplasta, roteirista e tal, aqui em Belo Horizonte-MG-Brasil

A foto, de uma atriz que protagonizou seu monólogo "Brinquedo Proibido", (do qual fui consultora, em sua finalização) há dois anos, inspirou-me esse poema, que ele colocou sobre a imagem, numa simbiose mais-que perfeita e pleo que muito lhe agradeço.

Fonte:http://fbarbosaesilva.multiply.com/photos/hi-res/upload/R6OfYQoKCEE...

Visitem seu espaço pelo endereço acima.


Clevane pessoa de Araújo


belo Horiznte-MG-Brasil


Diretora Regional do instituto de Culturas Internacionais-InBrasCi

http://clevanepessoa.net/blog.php

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É HOJE! SHOW DO MEU AMIGO "MANÉ BERADEIRO", NO MIDWAY DE NATAL/RN - BRASIL.

NÃO PERCAM!


GRANDE SHOW CULTURAL


COM O LENDÁRIO


"MANÉ BERADEIRO"


NO SHOPPING MIDWAY MALL


NATAL/RN


Mané Beradeiro
Cidadão da lendária e mítica São Sarauê.
Contador de Causos 
e declamador de poesia matuta 
na literatura do Rio Grande do Norte
visite:http://franciscomartinsescritor.blogspot.com


Quem for assistir ao show ACONTECÊNCIAS, de Mané Beradeiro, na próxima segunda-feira, dia 30 de agosto, às 19 horas, no auditório da livraria Siciliano,em Natal/RN, será beneficiado com a promoção cultural, pois o show juntamente com o primeiro livro de Mané Beradeiro sairá pelo valor de R$ 10,00 (dez reais). Os livros serão entregues ao final do show.
"Mané Beradeiro: em causos e poesias" é o primeiro livro do personagem (vivido pelo escritor Francisco Martins)que vem sendo sucesso nas escolas, congressos e eventos.  livro é em tamanho de bolso, com 90 páginas, tendo causos, poesias e perfis biográficos. Mané Beradeiro é organizador da obra, e o livro foi feito atendendo ao apelo do público que gostaria de ver reunido os causos e poesias do show: Rir nunca foi tão bom e saudável, em cartaz há 1 ano e 6 meses.


SE QUISER DAR 
UMAS BOAS GARGALHADAS,
COMPAREÇA A ESTE SHOW!
VALE A PENA!

INFÂNCIA ETERNA DE LÚCIA HELENA PEREIRA, EM CEARÁ-MIRIM/RN - BRASIL.


MEUS PAIS 

- ÁUREA E ABEL - 

PARADIGMAS DAS FILHAS!



Sempre que volto à minha Ceará-Mirim, sinto-me renovada, animada, revigorada, como se aquela paisagem verde pudesse me restituir à fonte luminosa da minha infância de felicidade.

Entrei no vale com as mãos cheias de flores. Eram poemas de saudades lembrando, revendo coisas que o tempo não consegue apagar e ensinam, que nos vislumbres do passado, anjos nos cercam e apontam os caminhos que devemos seguir.
Não visitei o vale de manhã cedo, mas, após às 14 horas, onde permaneci por apenas uma hora e quarenta minutos, tempo suficiente para reencontrar o meu mundo imerso na distância, na saudade da saudade, fazendo-me chorar.
Fiz a minha peregrinação de felicidade ao percorrer a cidadezinha que me viu nascer. A nossa casa já não está naquela linda rua da Estação Rodoviária, em seu lugar, o grande e suntuoso estádio esportivo.
Joguei um casto beijo àquele lugar santo e minhas lágrimas traziam o cheiro dos jasmins e dos ricos pés de bogarís do jardim da nossa casa.
Revi, com os olhos do que o tempo apurou no meu espírito, a casa- grande, com seus pesados janelões, e o lindo telhado, com aquelas as duas bocas de jacaré (as bicas), por onde a chuva escoava como fontes borbulhando puras águas.
Estava acompanhada de uma prima muito querida. Enquanto ela saltou do carro e foi tratar com alguém, eu desci e me dirigi àquele espaço sagrado, onde havia sido construída a casa-grande dos meus pais. Meu olhar se iluminou, foi como se eu pudesse ver, através de um cosmorama "mágico", a minha casa de infância, com suas duas salas de frente, o piano de cauda, os dois lustres de cristal, a ceia larga de prata, os móveis, trabalhados... Sugeriu-me aos ouvidos, os passos do meu pai chegando da fazenda e beijando as cinco filhas: Marilene, Gipse (minha irmã que está no céu), Suely e Iara Maria. E sempre que me beijava a fronte, expandia o seu afeto: "minha Lucas"!
Revi, como que por encanto, minha mãe sentada em sua cadeira de balanço, com as mãos ágeis bordando filigranas de amor, ou costurando na velha Singer, ou mesmo na cozinha preparando a saborosa massa para as raivinhas e sequilhos (feitos de goma de mandioca), e outras coisas gostosas (nas quais, jamais encontrei o menor talento). Cheguei a sentir o cheiro dessas guloseimas exalando do grande fogão de alvenaria, com aquele forno em arco, adaptado para aquele tipo de fogão.
Imaginei, por minutos, a figura de minha babá - Regina Dias - fumando cachimbo, às escondidas, e, ao menor ruído, correndo para escondê-lo num buraco do muro do quintal.
Senti, com invejável alegria, o sabor dos finos doces mexidos pela neguinha Cícera, com aqueles seus olhos acatitados e as bolinhas de suor no nariz achatado. Ao mesmo tempo, ecoando como canções de amor, as vozes de Quincas e Lebre, empregados da casa, resmungando ou com suas conversas simplórias, tão inocentes, alargando sorrisos diante da passagem imponente de "Buá" - o trem!
A presença dos meus pais em minha vida foi sempre marcada pelas lições imperecíveis, pelo legado inexpugnável que me deram: a fonte eterna do amor, do recato ao lar, do respeito à condição humana.
Encerro essas linhas que a saudade me fez escrever, desejando ouvir o dobre dos sinos da Matriz de N.Sra. da Conceição, ou a Banda de Música tocando os seus incomparáveis dobrados. Encerro está página de recordações amorosas, como a ouvir o silêncio religioso do meu vale, o meu esconderijo perfeito, onde guardo a eterna paisagem de minha infância iluminada, onde uma criança aparece, com a alma leve e pura,
a alma de criança prestes a entrar no templo sagrado da evocação e da poesia, quando sente a proximidade de Deus!


Lúcia Helena Pereira


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VERDES SÃO OS CAMPOS

Luiz Vaz de Camões

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que passeis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

FONTE: 


Lançt.º: "VIDAS URBANAS", de Gleidston César, brasileiro de Minas Gerais, radicado em Portugal.

Lançamento do Romance
"VIDAS URBANAS",
do Escritor Gleidston César




Dia 04 de Setembro, Sábado, às 17h00
Real Palácio Hotel
R. Tomás Ribeiro, 115 - Lisboa














Aspectos do Espaço (Real Palácio Hotel):
       




SUGESTÃO DO JOAQUIM EVÔNIO EM



IMAGENS DO ANIVERSÁRIO DO MÚSICO "JOÃO CEARÁ", NO CELEIRO DA MÚSICA, NATAL/RN.

SINFONIA DE PARDAIS DE 

JOÃO CEARÁ E ANÍZIO SOBRINHO, 

NO CELEIRO DA MÚSICA, 

EM 27-08-2010 (01).

BELISSIMA NOITE 
NO CELEIRO DA MÚSICA COM
A GRANDE FESTA DE ANIVERSÁRIO 
DE JOÃO CEARÁ
E O LANÇAMENTO DO CD MENSAGEM, 
DE ANÍZIO SOBRINHO.
JOÃO CEARÁ - UMA ESTRELA - ELE CANTA, 
TOCA PIANO E TECLADO, VIOLÃO, 
GAITA E É PRODUTOR MUSICAL.
ELE FEZ DO SEU ANIVERSÁRIO 
UMA FESTA DO CORAÇÃO.
PATRICIA E JOÃO CEARÁ 
- O AMOR É TUDO!ELE CANTOU 
O QUE DE MELHOR EXISTE NA MPB
CANTORES, COMPOSITORES, AMIGOS,
COADJUVANTES DA MÚSICA 
E AMIGOS DA POESIA
JOÃO CEARÁ, SUA MÃE, DONA LILIA
E OUTROS FAMILIARES!
RAFAEL (FILHO DE JOÃO CEARÁ) 
E DÉBORA (SOBRINHA),
CANTAM E MOSTRAM 
O QUANTO SÃO TALENTOSOS
ANÍZIO CANTA AS SERTANEJAS E ENCANTA 
ANÍZIO SOBRINHO 
E UMA PARTE DA IRMANDADE! 
ROSA E PEDRO WILLIAM, JOÃO CEARÁ E
ANÍZIO SOBRINHO, NOITE DE EMOÇÕES
A PIANISTA NALVA NÓBREGA 
E A ANFITRIÃ ROSA MARIA
A MATRIARCA SEVERINA CUNHA (89 ANOS) 
A DEDICADA FILHA ROSA. 

domingo, 29 de agosto de 2010

"QUAL O DESTINO DO MÁGICO MUNDO DA CULTURA IMPRESSA"? ESCRITOR ANTONIO NAHUD.




QUAL O DESTINO DO MÁGICO MUNDO
DA CULTURA IMPRESSA? 
por Antonio Nahud Júnior (*)
 Há muito se alerta sobre o empobrecimento da linguagem nos meios de comunicação. Vez ou outra seminários e encontros, no exterior e aqui, debatem sobre a responsabilidade dos jornalistas como modelo do uso da língua. Assim como certamente outras pessoas, orgulho-me de ter aprendido a ler com o convívio diário de jornais - comprados por meu pai, um ávido e versátil leitor. A ler me ensinaram na escola, claro; ao que me refiro é a compreender e deleitar-me com a leitura. Hoje sei que foi com o passar de olhos constante na “Ilustrada” e no “Folhetim” da “Folha de S. Paulo” que comecei a me tornar jornalista, muito antes de militar na área. Eu recortava, guardava numa pasta, lia e relia Sérgio Augusto, Pepe Escobar, Matinas Suzuki Jr., Otto Lara Rezende, Luís Antônio Giron, Mário Sérgio Conti e – naturalmente – o mestre Paulo Francis. Textos elegantes, aprofundados, análises que me ajudavam, efetivamente, a tomar decisões. Terminei por acreditar que jornalistas têm uma alta responsabilidade. Sem pretendê-lo, convertemo-nos em referência lingüística para boa parte da sociedade informada. Afinal, quem resiste à uma matéria inteligente e criativa?
 O verbo é o rei, analógico ou virtual, pois dele nasce o pensamento. Também já é de domínio público que o excesso de informação superficial é a maneira mais moderna de estar desinformado. Somente driblando os incansáveis truques dos meios de comunicação para não ser ludibriado pelas miragens marqueteiras. Nesse contexto, todo jornalista deve refletir sobre sua responsabilidade no uso da informação e do idioma. A clareza da linguagem garante a clareza da informação. O profissional que cuida das palavras – evitando acumular redundâncias e pleonasmos ou flerte com palavras de outras línguas - geralmente será cuidadoso com a informação. É muito difícil encantar o leitor se não conhecemos e louvamos as palavras que utilizamos. Um jornalista que não tem um bom conhecimento do seu idioma e não faz um uso exemplar dele deve mudar de profissão, evitando assim a exposição pública da mediocridade. Não há como se enganar: a credibilidade e o prestígio de um jornal são inseparáveis da qualidade e respeito pela língua.
 Existem tendências atuais que, de certa maneira, descuidam e prejudicam o uso do idioma: a virtual, a globalização e a vulgarização da linguagem em programas de rádio e televisão. O predomínio do audiovisual tem gerado leitores com insuficiente capacidade intelectual. A palavra tosca se espalha como um vírus devastador, com ofertas e descontos, crescendo a cada dia a falta de prestígio da linguagem nos meios de comunicação. Para combater essa banalização democrática necessita-se estar munido de garra, elegância, rigor, relevância. Como recomendou Gay Talese, um dos fundadores do “New Journalism”, o jornalista precisa descrever a realidade com o cuidado e o talento de quem escreve um romance. Concordo com ele, a notícia se fortalece quando escrita como ficção; pronta para ser lida com prazer. Lembremos, sempre, que a tarefa do jornalismo classudo é contar para o cidadão, da melhor maneira, o que ele não saberia de outro jeito. Simples assim.
 Sabe-se que é cada vez mais freqüente a fusão entre informação, opinião e propaganda. Tudo devido aos interesses econômicos e políticos dos grupos de comunicação ou dos próprios jornalistas. Isso atrapalha o leitor, que muitas vezes não sabe se está lendo um informe verídico ou publicitário. Dessa forma, o pensamento como notícia se converteu em mais uma mercadoria vendável, muitas vezes sem rumo ou prumo, descartável, ou ainda pior, nociva e corrupta. E não há como negar, o jornalista engajado é sempre um mau jornalista. Militância e jornalismo não combinam. Por que se permite que assessores de políticos ou empresas colaborem diretamente com a mídia? A imprensa hoje, mais do que em qualquer época, esta sendo pautada pelas informações vindas dos gabinetes do poder, sem qualquer verificação de veracidade. Cada declaração oportunista de políticos notórios é reproduzida pelos jornais, televisões, emissoras de rádio, sites e blogs, sem, contudo, representar algo de novo ou substancial. O leitor também está cansado do denuncismo mediático. Sobram acusações, mas faltam investigações e análises das denúncias, deixando de respeitar os fatos, o compromisso com a verdade, a independência e a integridade.
 É evidente que os jornais perdem leitores em todo o mundo. Prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, conseqüentemente, enfadonhos. Não procuram desnudar o que o ganancioso marketing esconde. O leitor quer algo mais, cansou do insosso e incolor. Menos história oficial e mais vida. Menos frivolidade e mais consistência. Reclama realismo, ética, qualidade e um bom uso da linguagem. No fundo, ele sabe que nada, nada mesmo, supera a qualidade do conteúdo. Só um produto consistente tem a marca da permanência. Só um jornalismo inteligente e digno seduz verdadeiramente. Qualidade editorial e credibilidade são, em todo o mundo, a única fórmula para atrair novos leitores e anunciantes. Noutra estratégia, o jornalismo deixa de ser socialmente relevante. Ainda assim, mesmo com pedras no caminho, acredito que o jornalismo de qualidade existe e continuará existindo, embora este só possa ser produzido por profissionais treinados, independentes e dedicados que escrevam tão bem quanto romancistas.
 (*) Escritor e jornalista com matérias publicadas nos jornais Diário de Notícias (Portugual), La Vanguardia (Espanha), Folha de S. Paulo, O Tempo (MG), A Tarde (BA) e diversos outras publicações brasileiras.