LÚCIA HELENA PEREIRA
Escritora - Poeta
Ceará-Mirim/RN
Poemas de Tio Juvenal
DOR CALADA
Juvenal Antunes
NUNCA OUVIRÁS DE MIM UM SÓ QUEIXUME,
QUE TE PROVOQUE UM RISO ZOMBETEIRO;
SEI SUFOCAR OS ECOS DO CIÚME,
POIS TU NÃO ÉS O MEU AMOR PRIMEIRO.
COMO DAS FLORES O SUTIL PERFUME,
O AFETO DA MULHER SEMPRE É LIGEIRO;
MAS, A ABRAZAR - ME NESSE ESTRANHO LUME,
HEI CONSUMIDO O MEU VIVER INTEIRO.
SEJA BONITO OU FEIO, RICO OU POBRE,
NESTA VASTO PLANETA, QUE O SOL COBRE,
AINDA NINGUÉM AMOU, QUE NÃO SOFRESSE...
TODO AMANTE SE JULGA UM DESGRAÇADO;
NO ENTANTO, SE EU ME VISSE CONDENADO
A EXISTIR SEM AMAR, ANTES MORRESSE!
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DORMINDO
Juvenal Antunes
ERA À MARGEM DE UM CÓRREGO CANTANTE...
NO ALTO DO CÉU AZUL, A LUA HEIA;
E, NÓS DOIS ASSENTADOS SOBRE A AREIA,
ME CONFESSAVAS TEU AMOR CONSTANTE!
ERA VISÃO O QUADRO DESLUMBRANTE...
EU SONHAVA...PORÉM, MINH´ALMA ALHEIA
À REALIDADE, NA ILUSÃO DA IDÉIA,
ME TRANSFORMAVA NUM FELIZ AMANTE!
MAS, NESTE MUNDO, QUEM NÃO TEM VENTURA,
QUEM NASCEU DESGRAÇADO, ATÉ DORMINDO
PERDE O BEM QUE, ACORDADO, EM VÃO PROCURA!
E, ASSIM, MAL ESSE SONHO TERMINARA,
SONHO IMPOSSÍVEL, MAS TÃO DOCE E LINDO,
EU SONHEI QUE ERA SONHO O QUE EU SONHARA!
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VULCÃO
Juvenal Antunes
QUEM TE CONHECE ASSIM, SIMPLES, MODESTA,
DE OLHOS BAIXOS, DISCRETA E RECOLHIDA,
COM ESSE CÂNDIDO PORTE, QUE TE EMPRESTA
UM AR DE MELANCOLIA COMPUNGIDA.
E OUVE-TE A VOZ TÃO SUSSURANTE E MESTA,
COMO UMA DOCE NOTA SUSTENIDA,
FICA A PENSAR QUE ALGUMA DOR TE INFESTA,
QUE ALGUMA MÁGOA TE CONSOME A VIDA.
TODA A GENTE, ENTRETANTO, ANDA ENGANADA;
ÉS, ENTRE AS MIL MULHERES QUE EU CONHEÇO,
A MAIS ARDENTE, A MAIS APAIXONADA...
SEMELHAS O VULCÃO, PERFEITAMENTE:
POR FORA, PEDRA, ARGILA, AREIA, GESSO;
POR DENTRO, FOGO, LAVA INCANDESCENTE!
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VENTURA
Juvenal Antunes
NAS MADRUGADAS DE VERÃO, COSTUMO
ME LEVANTAR COM O CLARO DO SOL RADIOSO,
E ENCONTRO UM NOVO E DELICADO GOZO
NO MEU VIVER. TOMO CAFÉ, E FUMO!
SEGUINDO, ENTÃO, MEU PENSAMENTO O RUMO
DE IDÉIAS GRATAS E FELIZES, OUSO,
PENSAR QUE O MUNDO É PLÁCIDO E FORMOSO
E É DITOSA A EXISTÊNCIA, QUE EU CONSUMO.
DITOSA, SIM, PORQUE É VENTURA PLENA
ENCHER A NOITE DE ÓSCULOS DE AMOR
E, APÓS, GOZAR ESTA MANHÃ TÃO LINDA...
ENQUANTO TU, Ó LAURA, ASSIM SERENA,
NO NOSSO LEITO, SOB O COBERTOR,
FATIGADA DE AMOR, DORMES AINDA!
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JUVENAL ANTUNES
Imagens do acervo fotográfico de Lúcia Helena Pereira
JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA nasceu no engenho Oiteiro, Ceará-Mirim/RN - Brasil, em 29 de abril de 1883 e faleceu em 29 de abril de 1941.
Era promotor de Justiça, tendo servido em AÇU/RN E NO ACRE (onde viveU durante 28 anos).
Autor de dois livros: Cismas (1909) e Acreanas (1922).
Patrono da Academia Acreana de Letras, foi aclamado e eleito pela entidade, como "O Príncipe dos Poetas Acreanos".
Patrono da Academia Norte-Riograndense de Letras e da Academia Cearamirinense de Letras (em vias de fundação).
Escreveu mais de 400 sonetos e muitas cartas que poderão ser encontradas em meu livro: Breve Coletânea de Juvenal Antunes e no site: http://www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br/
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