NOTÍCIAS DA LUSOFONIA

terça-feira, 9 de março de 2010

Minha Professora de Português e Literatura


AQUI FAÇO UMA SINGELA

 HOMENAGEM À ESTÁ 

PEQUENA-GRANDE MULHER,

TRANSCREVENDO POSTAGEM 

DO EXTINTO BLOG CHAMINÉ, 

DO MEU AMIGO EDVALDO MORAIS




Ceará-Mirim, não és uma ficção marcada em páginas escritas ao longo do tempo. És história, memórias vivas de saudade, historiografia, realidade e sonhos misturados ao sabor do doce vento espalhados pelas folhagens dos coqueiros praianos e dos canaviais que ainda se estendem vale afora, ao som envolvente do sonho dos pássaros e do mugir do gado retornando para os currais das fazendas, ao entardecer, quando o crepúsculo mescla o horizonte.


Lugar de “histórias cruas”, temperadas ardentes de anseios , verdejantes de amores de sutilezas penetrantes.


Ceará-Mirim, és poço de pesquisa deitada e manhosa nas raízes dos engenhos, mas atenta para o despertar do progresso cujas portas se abrem dando passagem ao novo.


Hoje, enquanto se navega pela internet, tu guardas em teu seio cortado pelo curso natural das torrentes pluviais, os segredos dos que já se foram e o amor dos que te querem.


Mesmo aqueles que, aparentemente, exprimem revolta ao ver tua linda paisagem natural modificando-se pela atmosfera pós-moderna. Oxalá que os sonhos deitados em teu leito seja o despertar de sorrisos da nova geração, unindo-se aos que celebram os teus 150 anos de emancipação.


Saúdo-te, Ceará-Mirim, nas fagulhas do tempo que se vai consumindo no crepitar das chamas em açúcar, com o selo do passado, misturado em anseios e mergulhado no teu sossegado jeito de ser: envolvente e acolhedora, fazendo com que uns te proclamem com voz entrecortada extraída do peito para colecionar retalhos da juventude e da infância; outros, porém, em tom exaltado estampa com palavras o teu perfil de cidade, como se falasse da mulher a quem despreza ou intensamente ama, olhando-te com olhos de ressaca – assim como Capitu em “Dom Casmurro” de Machado de Assis – enquanto entrega-se ao teu abraço.


Posso não conhecer profundamente a tua história, mas sem dúvida, sou um pedacinho vivo, mossoroense que veio somar a partir do momento que por ti fui acolhida junto com minha família há vinte e um anos atrás. Sou perante ti, Ceará-Mirim, árvore cujas sementes e frutos espalho na educação e cultura entre seus munícipes, o que muito me alegra.


Desde que aqui cheguei, vejo um bloco de esperança marchando pelas tuas ruas, independente de épocas e de carnavais, bloco este renovado constantemente como a água de um olheiro. Por isso, é preciso volver para ti um olhar de promessas realizáveis. Armazenar em teu celeiro: o amor, a verdade, o espírito de luta e de conquista revestida de coragem para presentear as futuras gerações. Só, assim, teremos e seremos povos verdejando êxito que colhemos em teu solo entranhado de fertilidade.


Não permitas ó Ceará-Mirim que abortem os ideais que te consagram quer no presente, passado ou futuro. O “mirim” grafado em teu nome, nada mais é do que a marca contrastante do agigantar-se histórico-literário extraído do vale. Os amores aqui vividos são acalantos sorrateiros no espírito da tua gente. São dádivas que as bocas bendizem, na certeza do teu aconchego, enquanto pincéis e espátulas traçam caracteres de uma existência que não se apaga. São como bem-aventuranças lítero-históricas que declinam qual raios do sol ao se por e, simultaneamente, são reativados em nossas lembranças a cada amanhecer.
Declaro, então, sincera e espontaneamente meu amor por ti, afirmando que o sal da minha terra (Mossoró) batizou-me enquanto o açúcar da tua, consagrou minha missão profissional.
* Francisca Lopes é professora aposentada da rede estadual, funcionária pública municipal na área da educação e poetisa.

Foi ela que incentivou-me 

a enveredar pela poesia. 

Sou grata por este incentivo! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será bem vindo!