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domingo, 30 de maio de 2010

Notícias da CASA do CORDEL, em Natal/RN - BRASIL

CLEVANE PESSOA DIZ...


"QUANDO ESTIVE NA CASA DO CORDEL, EM MAIO DE 2010, COM DETH HAACK (A POETISA DOS VENTOS) E INOCÊNCIA MATA (PROFESSORA UNIVERSTÁRIA EM LISBOA), QUE NÃO APENAS SE INTERESSOU, COMO PARTICIPOU DO RECITAL, LENDO VERSOS DOS CORDELITAS (FOTO AO LADO). Conosco estava o perfeito anfitreão, pesquisador de poesia popular "Aquino Neto" (vereador e radialista), interessado na manutenção da memória dos cantadores, repentistas e cordelistas, que durante o "I Encontro de Escritores da Língua Portuguesa", ocorrido em Natal/RN, foi assessor do grande homenageado "PEDRO BANDEIRA", um grande poeta e teólogo/cantador, espetacular,  muito querido no Nordeste. Tive a honra de ser homenageada com ele. Mas, aniversariando dia primeiro, já viajara quando de nossa visita à Casa do Cordel. No entanto, no Hotel pestana, o entrevistamos. Estou transcrevendo as respostas e publicarei em breve." (CLEVANE PESSOA - POTIGUAR RADICADA EM MINAS GERAIS).

Recebo, com prazer, do xilogravurista "Erick Lima" mais novidades sobre a intensa vida cultural da casa do Corel, em Natal, onde ressalto o trabalho editorial, os cordéis de seu pai - Abaeté - e a preservação da memória xilográfica, resenhada das inovações de estilos pessoais do jovem artista, PARA ALUNOS DE ESCOLAS. 


Alunos interessados na mostra de cordéis.



Alunos, muito interessados, 
em visita à casa do Cordel-Natal-RN. 
Preservação da memória. 


Erick Lima xilogravurista, filho de Abaeté. 

Erick Lima começou a trabalhar sistematicamente com a xilografia apenas em 2007, apesar do pouco tempo dedicado a arte, o jovem que é estudante de Ciências Sociais da UFRN, está imerso no universo da cultura popular nordestina desde a infância. Ele é filho de Erivaldo Leite de Lima, conhecido como Poeta Abaeté, um cordelista atuante no Estado. “Meu pai é de Sertânia, interior de Pernambuco e produz cordel há muito tempo. Ele veio para Natal há quase 30 anos”, disse Erick. E foi para ilustrar as histórias do pai e de seus amigos, que ele fez as primeiras matrizes em madeira.
Gravuras viram camisetas e azulejos.
Abaeté lê Cordel, quando, merecida e orgulhosamente, a casa do Cordel participou do I Fórum Científico e Cultural da região do Mato Grande, no IFRN de João Câmara/RN. 


Os cenários representados em seu trabalho surgem tanto de sua memória da infância, já que na companhia do pai viajou por municípios do sertão nordestino, quanto dos textos dos cordelistas. “Os autores de cordel às vezes viajam na construção do texto. Nestas horas eu não posso fazer as gravuras a partir da minha memória, faço a partir dos textos”, disse.

Para fazer as matrizes em madeira, Erick utiliza ferramentas industrializadas, como as goivas e outras artesanais, como estiletes e pontas de faca. Dependendo do tamanho, o artista leva cerva de uma hora entre lixar a superfície da madeira, desenhar, entalhar e banhar o suporte com tinta de impressão gráfica.

A produção é rápida e não custa caro. Somando os valores gastos com a madeira, lixa e tinta, o artista gasta em média R$ 20,00. Apesar do baixo custo na produção, a atividade não é rentável, já que uma matriz de impressão pode ser vendida por apenas R$ 30,00.

O xilógrafo se mantém a partir das oficinas que ministra em escolas e na Casa do Cordel, além de vender matrizes para impressão de bolsas, camisetas e azulejos.

Segundo Erick o projeto aprovado pelo BNB não é uma fonte de renda, mas um meio de dar continuidade a outro que já vinha sendo realizando com recursos próprios, junto a Casa do Cordel. Segundo Erick, eles realizaram oficinas em escolas públicas e particulares com o objetivo de difundir a técnica. “Não queremos que a técnica fique presa em panelinhas”, disse Erick.

O xilógrafo diz que ao levar a xilografia e o cordel para as escolas, também está levando um pouco de história e das manifestações populares do estado. Afinal, nas páginas dos livretos é comum encontrar a história de nomes importantes, como de médicos, cangaceiros, artistas e de manifestações como o Boi de Reis e as procissões.

Em suas pesquisas Eick lima descobriu que nomes importantes das artes visuais no mundo usaram a xilografia como recurso. Um deles o norueguês Munch, que pintou a célebre obra O Grito (óleo e pastel sobre o cartão). Os trabalhos feitos no nordeste utilizam a mesma técnica difundida no século VIII, mas imprimem o modo particular do seu povo. A divulgação da xilografia nordestina veio depois de percebida a semelhança entre as gravuras populares feitas pelos xilógrafos e a arte européia. “A xilografia só foi popularizada depois que pesquisadores apontaram semelhanças com o movimento expressionista europeu e passaram a citar as obras em seus trabalhos acadêmicos”.

Abaeté na companhia de amigos abriu a Casa do Cordel, que hoje funciona na Rua Vigário Bartolomeu. Como sobravam cordéis e faltavam ilustrações, Erick precisou pesquisar na internet sobre xilogravura e bater um papo com artistas que dominam a técnica. A curiosidade do jovem foi tanta, que ele percorreu quilômetros para encontrar dois grandes mestres da xilografia popular. Na cidade de Bezerros, interior de Pernambuco ele conheceu J. Borges, considerado o maior gravador popular em atividade no Brasil e em Caruaru conheceu Seu Dila, o mestre de J. Borges.

A partir das pesquisas e do contato com os mestres, Erick começou a elaborar os seus primeiros trabalhos. “Os cordelistas me pressionavam muito, chegavam para mim e diziam: você tem que fazer isso direito para ilustrar os cordéis”. Dessa pressão nasceu o artista e o difusor da arte e da técnica da xilogravura popular. 


FONTE:



Blog usado por Clevane Pessoa para mostrar que a poesia pulsa em diferentes espaços e lugares de ser e estar.



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