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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

MENSAGEM DO ROBERTO PEREIRA, PARA BARTOLOMEU CORREIO DE MELO, SOBRE A IDÉIA DE CRIAR UM SEBO EM CEARÁ-MIRIM.



Meu caro Bartolomeu: 
Inicialmente, os meus saudares neste domingo de Agosto! Depois, por todos os méritos, parabéns pela ideia do SEBO. Creio que tudo quanto se faça em prol da leitura é "verdadeiramente justo, razoável esalutar". Eu posso muito pouco, mas me coloco à sua disposição para conjuminarmos esforços. Olharei de bom grado o que posso doar, sobretudo alguma coisa dos livros de autoria do meu saudoso pai, Nilo Pereira, que, se vivo estivesse, louvaria a iniciativa. É preciso um mundo de leitura para fazermos a leiturado mundo, ocorreu-me esse jogo de palavras, menos pelo que ele enseja e mais, muito mais, pelo que ele motiva a todos nós. O meu pai, que, apesar de amar por igual os seis filhos de sua(dele) prole, tinha uma identificação estreita comigo. Por isso que tudo quanto toca ao Ceará Mirim tem o condão de tocar o meu coração, os meus sentimentos de amor à terra como se filho fosse daquele chão sagrado para mim. Um dia fomos, ele e eu, à Briosa Vila, recolher areia para servir de travesseiro para NP quando do seu sepultamento. Para mim, uma dor muito doída, porque já era ele se despedindo do chão pátrio, deste mundão de meu Deus, como se referia Rachel de Queiroz, se despedindo da vida para viajar, à Van Gogh, pela eternidade. O meu pai faleceu nas proximidades das 8hs da manhã, após passarmos, com ele, uma noite de sofrimento, mas, também de resignação. Quando ele cochilou, acordou, como de costume, às 6hs, tomou um café leve, levíssimo, descansou, e apanhou os dois jornais de sua leitura diária, o JORNAL DO COMÉRCIO e o DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Leu o primeiro com extremado esforço e pediu à enfermeira o segundo. A auxiliar de saúde retrucou: - "Professor, descanse, deixe essa leitura para lá". Papai, de pronto, rebateu: "Não, minha filha, eu sou jornalista e tenho que estar atualizado". Na última vez que ele esteve na UTI, sob os cuidados do grande cardiologista e humanista Ovídio Montenegro, filho do Rio Grande do Norte, fui ficar com ele. Perguntei logo: - Como está papai? A resposta: - entre e vá ver. Ele está lendo. Disse-me a pessoa. Adentrei o recinto e, ao cumprimentá-lo e beijá-lo, indaguei: -Papai, lendo Eça de Queiroz? Sim. "As cidades e a Serra", uma beleza! Eu li esse livro - continuou - quando tinha 22 anos. Relendo, já dou uma interpretação diferente, mais madura. A França, na década de 90 do século passado, fez uma pesquisa junto os estudantes com campanha de outdoor, cujo título era: LER: DEVER OU PRAZER? Penso que as duas coisas, tem o cometimento da leitura e o dever de buscarmos o conhecimento nos impressos de conteúdo, capaz também de nos levarmos ao pensamento cognitivo. O meu pai foi um exemplo, inclusive nessa hitória de final de vida. Ânimo para ler numa UTI (por prazer) e coragem de ler os jornais (por dever. Então, Bartolomeu, vamos que vamos à consecução de sua ideia-força. Aquele abraço Roberto Pereira.

VEJA AQUI A MATÉRIA SOBRE O SEBO.

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