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domingo, 28 de fevereiro de 2010

HOMENAGEM

AMÁLIA DA PIEDADE RODRIGUES

VOZ DO FADO PORTUGUÊS

Hoje bateu-me uma nostalgia tão grande, que fez-me lembrar da AMÁLIA RODRIGUES, ícone da música portuguesa que deixou uma imagem mítica nunca alcançada por ninguém, que deixou um povo agradecido. Se o fado é dor, é melodia, é poema, é amor, é vida, é fatalismo, é luz, é de pensar. É comum o fado nos transmitir dolência e melancolia, mas também  fala de sentimentos profundos da alma portuguesa.  Amália sentiu na sua alma algo que nunca poderá dizer. Nós só lhe poderemos dizer "Obrigado".
Aqui vos apresento este fado da Amália:
"Estranha Forma de Vida".


Escolhi este fado, porque é um pouco daquilo que se passa comigo...
Estou um pouco ansiosa com a vida!

Estranha Forma de Vida
Amália Rodrigues
Composição: Alfredo Duarte/Amália Rodrigues
 
Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda minha a saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
Tem este meu coração:
Vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
Coração que não comando:
Vive perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,
Coração independente.

Eu não te acompanho mais:
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
Porque teimas em correr,
Eu não te acompanho mais.

O desaparecimento da intérprete de 'Estranha Forma de Vida', 'Uma Casa Portuguesa', 'Vou Dar de Beber À Dor', 'Com Que Voz', 'Fado Português', 'Ai, Mouraria' e 'Libertação', entre muitos outros fados, é classificada como uma grande perda pelas principais individualidades portuguesas.
Amália Rodrigues, que contava 79 anos, foi encontrada sem vida às oito horas da manhã do dia 6 de Outubro pela sua secretária particular.  
Amália da Piedade Rodrigues nasceu em 1920, em Lisboa, filha de pais naturais da Beira Baixa. A data certa do nascimento é desconhecida: em documentos oficiais nasceu a 23 de Julho, mas Amália sempre considerou que nasceu no primeiro dia desse mês. Educada pela avó, cantou pela primeira vez em público em 1929 numa festa da Escola Primária da Tapada da Ajuda, que frequentava. Mais tarde trabalhou como bordadeira.

Em 1935, desfilou na Marcha de Alcântara e cantou pela primeira vez acompanhada à guitarra numa festa de beneficência. Estreou-se em 1939 no Retiro da Severa, a casa de fados mais importante da altura.
Em 1940 casa com o guitarrista amador Francisco da Cruz. No dia 25 de Junho de 1940 é a atracção convidada da revista do Teatro Maria Vitória, Ora Vai Tu!, a primeira de muitas revistas em que participou.
A sua estreia no estrangeiro, a 7 de Fevereiro de 1943, ocorreu em Madrid, a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira. Amália separa-se do primeiro marido.

Em 1944 viajou pela primeira vez para o Brasil, onde actuou no Casino de Copacabana. O sucesso levou a prolongar a estada de seis semanas para três meses, tendo regressado no ano seguinte ao País.

Em 1972 no Brasil, estreia-se no Canecão do Rio de Janeiro Um Amor de Amália, onde pela primeira vez, num espectáculo organizado, Amália canta e conta histórias da sua vida. Tanto é o sucesso que, o show é repetido no ano seguinte. Esse espectáculo, onde Amália é acompanhada para além da guitarra e da viola, por uma orquestra e um coro, foi gravado em disco.
No dia 25 de Abril de 1974 dá-se a revolução que derrubou o regime fascista que há 48 anos governava Portugal. Amália, devido a um contrato que tinha para actuar na televisão espanhola, partiu para Madrid no dia seguinte. Em Lisboa, a grande popularidade internacional de Amália fez que de imediato circulassem boatos que a ligavam ao regime deposto. Embora só ligeiramente prejudicando a sua carreira, estes boatos afectaram gravemente a sensibilidade de Amália. Apesar destes boatos, Amália aparece logo no Coliseu onde 5 mil pessoas aplaudem de pé, provando que o seu público nunca a abandonou. A partir dessa altura, faz as mais longas tournées por Portugal, e o seu sucesso internacional continuou a aumentar fazendo tournées por todo mundo.
Em Julho é editado o duplo álbum O melhor de AmáliaEstranha forma de vida, que reúne 24 dos mais populares e aclamados fados de Amália e atinge o 1º lugar do top de vendas, mantendo-se oito meses no top e vendendo para cima de 100 mil exemplares. Na sequência do êxito, é editado um segundo álbum compilação, O melhor de Amália volume IITudo isto é Fado, que ultrapassa as 50 mil cópias vendidas e atinge o 2º lugar do top.

Tudo Isto É Fado
Amália Rodrigues

Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia
Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Se queres ser o meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Nao me fales só de amor
Fala-me também do fado
E o fado é o meu castigo
Só nasceu pr'a me perder
O fado é tudo o que digo
Mais o que eu não sei dizer.

A jovem Amália impressionava todos. Cantava com intensidade dramática o fado, porque «o que interessa é sentir o fado. Porque o fado não se canta, acontece. O fado sente-se, não se compreende, nem se explica».

Um comentário:

  1. Felicitações por esta bela postagem dedicada à Grande Amália Rorigues. É uma homenagem muito bonita para a inesquecível artista que mora no coração da lusofonia. Bem Haja! Saravá blogueira!
    Longa vida para este blogue.

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