'Uma Viagem à Índia' junta Camões e Saramago

Gonçalo M. Tavares 

foi comparado aos grandes 

escritores portugueses

Gonçalo M. Tavares

Imagem do Google

A apresentação do novo livro de Gonçalo M. Tavares, 'Uma Viagem à Índia' decorreu no último sábado (13-11) no Centro Cultural de Belém às 19h00. A sala de leitura esteve apinhada para a apresentação. Vasco Graça Moura foi um dos oradores.

Gonçalo M. Tavares teve obra analisada 

por Vasco Graça Moura

(Jorge Paula)

Já Zeferino Coelho, editor da Caminho, afirmou que só outra vez na sua vida teve uma emoção tão grande ao ler um livro. Essa sensação foi há 30 anos com o 'Levantados do Chão' de José Saramago. O editor conta que foi o sentimento de publicar algo em grande.

O livro, também lançado em Angola e Moçambique, chegará ao Brasil no final de Novembro. O editor realçou que este livro “não é mais um livro, nem sequer mais um bom livro. É um livro que marcará.”

Tanto Zeferino Coelho como Vasco Graça Moura, o escritor convidado para apresentar 'Uma Viagem à Índia, afirmaram que daqui a 100 anos se continuará a falar, escrever e a debater sobre este trabalho.

Pegando na ideia de 'Levantado do Chão', Vasco Graça Moura concordou que também teve uma epifania, mas que no seu caso se lembrou antes da sensação de quando leu 'Memorial do Convento'.

Vasco Graça Moura declarou ser “uma honra” apresentar o livro, dado que acredita que “vai marcar a cultura portuguesa e europeia”, até porque “radiografa a condição humana”.

'Uma Viagem à Índia' tornou-se, contudo, difícil de identificar, preferindo Vasco Graça Moura qualificar como epopeia, dado que a palavra é tão referida ao longo da obra.

Vasco Graça Moura mostrou as semelhanças entre 'Os Lusíadas' de Luís Vaz de Camões e 'Uma Viagem à Índia', alusões e passagens mais subtis, considerando que a obra de Camões é uma bussola importante para entender a nova obra de Gonçalo M. Tavares.

'Uma Viagem à Índia' foi dedicado a Eduardo Prado Coelho e a José Saramago. O autor explicou que não foi ao acaso, foi por sentir a importância desta obra.

"RESPONSABILIDADE EM RELAÇÃO AO PASSADO" 

Gonçalo M. Tavares conta que a ideia desta obra “partiu da ideia de responsabilidade em relação ao passado”. Acrescentando que, para si, “o que diferencia o homem e o bicho é esta capacidade de memória das gerações anteriores". "Esta ideia de conservar a memória”, precisou.

Admitiu a “aproximação amorosa” em relação a 'Os Lusíadas' e acrescenta que deseja “deixar sinais para gerações futuras”. 

O autor considerou ainda que é um livro que pede uma mudança de posição do leitor por obrigar este a arranjar uma nova posição para ler e pela possibilidade de ler fragmentos, a possibilidade de “abrir ao acaso e ler”.

O escritor começou o livro em 2003 e demorou um ano a sua revisão final. 

O autor, em conversa com o CM, contou que o livro é sobre uma personagem chamada 'Bloom' que passa por um processo de aprendizagem e de fuga até à Índia. Apesar de 'Bloom' retratar um português do século XXI que parte em viagem, o autor admite que deu este nome pela tradição literária, a herança de James Joyce no seu livro 'Ulisses'.

Gonçalo M. Tavares revelou que 'Bloom' é uma “personagem de ficção que sabe que é ficção, que não tenta imitar a realidade”. A personagem principal vive pequenas aventuras, contratempos, uma “epopeia mental”, acrescenta.

PILAR PRESENTE 

Pilar del Río esteve presente no lançamento do livro. A viúva de Saramago veio directamente do aeroporto para a apresentação. Admitiu ainda não ter tido oportunidade de o ler mas de conhecer passagens e de sentir que é “de uma terrível e belíssima ambição de um escritor tão novo.” Pilar acrescentou que “é uma maravilhosa homenagem a Luiz de Camões” e uma homenagem à literatura.

A 23 de Novembro,

Gonçalo M. Tavares 

apresenta já o próximo, 

'Matteo Perdeu o Emprego'.

FONTE DESTA NOTÍCIA: Correio da Manhã
POR: Ana Ramos da Silva