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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

AULA - PASSEIO, COM O PROFESSOR CEARAMIRINENSE "GIBSON MACHADO"

Gibson (1º do lado direito da foto), 
juntamente com seus alunos
em frente a Igreja da comunidade de Capela,
município de Ceará-Mirim/RN.

O SEGUINTE TEXTO FOI ESCRITO
PELO PRÓPRIO GIBSON

Dia 15 de novembro de 2010 fiz uma aula-passeio com alguns alunos do 1º ano III da Escola Estadual prof. Otto de Brito Guerra.
O objetivo da aula foi apresentar alguns patrimônios históricos e culturais de Ceará-Mirim, focando a importância de sua preservação para a memória do município e ao mesmo tempo, instigar os alunos à luta pela valorização desses patrimônios que se encontram em avançado estado de deterioração. O passeio também foi um incentivo à prática do ciclismo pelo nosso lindo vale do rio Ceará-Mirim.
A viagem transcorreu maravilhosamente bem. A paisagem ajudava a tornar o caminho e o cansaço amenos, principalmente, porque sabíamos que na primeira parada relaxaríamos na cristalina e mineral água do olheiro Diamante. Que maravilha!!!

Gibson e os alunos se refrescando nas águas cristalinas
do Olheiro do Diamante. E eu saudosa, relembro
belos banhos que tomava quando meus pais iam
visitar o seu Salu, morador da fazenda. 

Na fazenda Diamante (antigo engenho Diamante) os alunos foram informados da história do engenho e de seus antigos proprietários, principalmente, o Dr. José Augusto Meira, filho do Dr. Olinto Meira. Nasceu no engenho Diamante em 11/12/1873 e foi educado pelo pai que à época escreveu as cartilhas de gramática e aritmética para educar os filhos. Quando os filhos estavam preparados o velho Olinto os encaminhava para os exames em Natal. Graduou-se em Direito pela faculdade de Recife/PE e como premio, pelo bom desempenho no curso, ganhou uma viagem à Europa.

Dr. José Augusto Meira

Exerceu os cargos de Delegado de polícia (Rio de Janeiro) – promotor público (Santarém – Pará) professor de direito criminal (Belém – Pará). Advogado, deputado Estadual em seis legislaturas – diretor da faculdade de direito do Pará. Senador Federal da República e Deputado Federal, pelo Pará. Encerrou a carreira política em 1955, com 82 anos de idade. Foi ardoroso escritor, tendo combatido violentamente o presidente deposto João Goulart. Faleceu a 21 de março de 1964. Era poeta e publicou vários livros, sendo o mais importante Brasileis, poesia épica nacional.

Gibson mostrando aos alunos o relógio do sol

Em 1973 o governo municipal na gestão de Ruy Pereira Junior homenageou Augusto Meira instalando um monumento na praça Barão de Ceará-Mirim (atualmente o monumento encontra-se na Esc, Municipal Dr. Augusto Meira). No mesmo dia, a família do homenageado instalou um relógio de sol no local onde ele nasceu no antigo engenho Diamante.
Em uma de minhas visitas ao local constatei que o relógio estava abandonado e encoberto pela vegetação. Preocupado, relatei a história do senador para um aluno meu que é morador da fazenda e sugeri que o mesmo fizesse uma limpeza na área porque aquele monumento era muito importante para a memória de nossa gente. Ele ficou impressionado com o que eu falei e fez toda a limpeza no local. Além disso, todas as pessoas que visitam fazenda têm por obrigação conhecer a história do famoso conterrâneo e de seu relógio esquecido.
Nossa próxima parada foi o Museu Nilo Pereira. Os alunos ficaram encantados com a beleza senhorial do velho solar. Questionaram o por quê de tanto abandono e desprezo pela memória da cidade. Fiquei sem saber responder aquelas indagações. Sabia que não adiantaria falar sobre a falta de interesse do poder público, o descaso, essas coisas, de qualquer forma, fiz um ligeiro resumo de como estava a situação do casarão do Guaporé, aproveitando para explicar quem foi Nilo Pereira, o maior guerreiro na batalha pela restauração daquele patrimônio arquitetônico.

Mostrando o que resta do sótão do Casarão do Guaporé

Em frente a Casa Grande do Engenho Guaporé 
- Museu Nilo Pereira -

Gibson mostrando os restos de uma janela
do Museu Nilo Pereira, 
quebrada pelos vândalos.
Que tristeza!

O retorno para casa me fez pensar que havia plantado algumas sementinhas naqueles jovens, pois, os entusiasmos gerados pelas informações, os levaram a questionar as administrações dos patrimônios e, também, sugerir novas visitas com vistas a debates a respeito da valorização e preservação de nossa memória.
Apesar de ter chegado em casa todo moído, causados pelos 50 anos de sedentarismo e pelos mais de três anos sem pedalar, fiquei muito satisfeito e feliz porque sabia que aqueles jovens nunca mais seriam os mesmos que começaram a viagem. A partir daquele dia eles provavelmente olharão nossos patrimônios de maneira diferenciada, enxergando por trás dos óculos. Estou feliz por isso!!!

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