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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

POESIA DE GRAÇA CAMPOS, MINAS GERAIS.

FACES e FEITOS


Pintura a Óleo "As Muitas Faces"
Graça Campos

Em minha face marcas do tempo
Espelho d’alma em crescimento
De poesias “Safo ardente”
Ainda restam fragmentos e lembranças
Na musicalidade de Lesbos
Nos rostos gravados em moedas
E nos retratos em bronze...


Toquei o lodo a brincar com lótus
A versejar nas entranhas e nos corpus
Lancei-me ao fogo e me livrei da viuvez
Contei histórias, cortei mato para lenha
Em contos de fadas meus cabelos foram cordas
Trançadas e jogadas na escalada.


Lavei roupa, engomada entreguei
Nos chafarizes busquei água de beber
Embriaguei-me! Mulher da vida fui...
E, quem não foi? Somos somas da vida!
Havia um tempo em que as Marias não podiam “...”
Eram vigiadas, frígidas e castas...
Calor era pecado sujo!
E então surgiu assim também de classe pobre
Uma profissional prostituta!


Em outra época me lembro bem
Enchia tabuleiros, ia à luta.
Dessa labuta vi-me em recreio
Usei colares, não de pedra bruta
Era lapidação de minha terra
Brilhantes, preciosas peças coloridas
E gotas em diamantes...


Seduzi, amei de forma nobre, fui amada!
Caminhei de porta em porta
Abolicionista e republicana
Com o meu canto e marcha libertana
Abri alas ao escravo “Isa”
Mas, antes, lá da janela do adeus
Fiquei chorando a volta do amado
Fiz negócio e bordado até a tropa voltar.


Um belo dia, eu, mulher, pus meu voto
Pude pensar com meu próprio cérebro
E escolhido assim fiz meu par
Podia ser ou não, o sobrenome, o lar
Em época remota fui caçada,
Perseguida por saber curar...


Novas idéias das Donas
De casas, de filhos
Mães dedicadas, rainhas do lar
Padecidas em pleno paraíso
Início do capitalismo, desconforto
Desacertos e confrontos


Anos de guerra, anos de luz e então dourados.
Redescubro o meu corpo feminino
Glamoroso
E continuo a caminhar...
Se campesina, vivo o dissabor da opressão
Se urbana emergente, envolvo-me em tarefas polivalentes
Ainda há muita dependência e submissão


Diante do meu espelho insisto
Pois vejo esse mundo agredido
Cada busca haverá de ter sentido
De retomar as forças e vestir
Vestidos rebuscados da IGUALDADE
Viver, sonhar, amar
E ser amada!



CAMPOS, Graça. Poema. FACES e FEITOS.

Quem sou eu
Maria das Graças Araújo Campos 
(GRAÇA CAMPOS) 
Artista plástica, poetisa , 

professora de Língua Portuguesa e Inglesa. 
Belo Horizonte, MG-Brasil 
EMBAIXADORA UNIVERSAL DA PAZ 
(Cercle Universel des Ambasseurs 
de la Paix- Genebra - Suíça) 

VISITE: ARTE E VIDA

Um comentário:

  1. Obrigada, querida Ceicinha!
    Dedico-lhe estes versos do meu "FACES E FEITOS"

    Cada busca haverá de ter sentido
    De retomar as forças e vestir
    Vestidos rebuscados da IGUALDADE
    Viver, sonhar, amar
    E ser amada!

    Um grande abraço,
    carinhosamente,
    Graça Campos

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