De: Silvino Potêncio
Medo perdido!...
Entrei pela porta da vida,
À procura dum raio de luz.
De novo saí,... já com uma cruz,
Que me foi dada à guarida,
P’ra todo o sempre e enquanto,
Na terra durar o meu pranto.
Nascendo, embarquei para as trevas,
Dum destino incerto e sem rumo.
Caminho apertado por grevas,
Formadas em nuvens de fumo.
Vivemos, morremos, e esquecemos...
As dores, os prazeres e os bens térreos;
E ainda que sejam fortes, até férreos!,
São laços que sempre perdemos...
São esperanças que só deixam penas,
São grandes por serem pequenas!...
Entrei pela porta da vida,
Saí correndo assustado;
Descobri que sou,... tão mal formado.
Que de mim tenho medo constante,
Nascido comigo no instante
Que minha Mãe me deu vida. – me tornou nado!
Andará por aí,
Cantando, rindo e chorando comigo.
Para mim será um simples amigo,
Como olhos daquilo que eu vi.
Entrei em mim como água em mar alto,
Se deixa tomar pelos peixes...
Se por ti tiveres medo não deixes,
Que ele te tome de assalto...
- Não queiras que o tempo te leve,
A ter medo de quem o não teve.
(in: "Eu, O Pensamento, a Rima" - Luanda/Anos 70)
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