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domingo, 26 de setembro de 2010

DOMINGO EM NATAL/RN, COM O POETA CEARAMIRINENSE - JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA!

ENGENHO OITEIRO


LIVRO ACREANAS -
AUTOGRAFADO EM 1922 

JUVENAL ANTUNES 
(e sua decantada fealdade)

JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA


Foto cedida por mim, à Glória Perez e ao jornalista acreano-
Juvenal Antunes nasceu no Oiteiro, engenho do seu pai -
Cel. José Antunes de Oliveira - em abril de 1883 e
faleceu em abril de 1941, já embarcado em navio,
para regressar ao Rio Grande do Norte.
Seus livros: Cismas e Acreanas foram bastante
aplaudidos pelos acreanos e norte-rio-grandenses. 


VENTURA
Juvenal Antunes

Nas madrugadas de verão, costumo
Levantar-me com o claro do sol radioso,
E encontro um novo e delicioso pouso
No meu viver. Tomo café, e fumo!

Seguindo, então, meu pensamento e rumo
De idéias gratas e felizes ouso,
Pensar que o mundo é plácido e formoso
E é ditosa a existência, que eu consumo.

Ditosa, sim, porque é ventura plena
Encher a noite de ósculos de amor
E, após, gozar esta manhã tão linda...

Enquanto tu, oh! Laura, assim serena...
No nosso leito, sob o cobertor,
Fatigada de amar, dormes ainda!

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TEMPO PERDIDO
Juvenal Antunes


Entre tantas que amei, nenhuma ao menos,
Deixou-me n’alma o espinho da saudade;
Amores passageiros e pequenos...
Grandes amores só na quantidade!

Beijos, pactos, promessas, juramentos,
Ficou tudo na tinta e no papel...
Hoje, são todos teus meus pensamentos
Serei, ainda uma vez, ingrato e infiel?

Ai de quem ama proverbial cegueira,
Fez-nos cair no abismo, em que caímos;
Resvelarmos pela íngreme ladeira...
O que os outros bem viam, nós não vimos.

Pois, se pecamos, minha ardente amiga,
O fato é que não nos arrependemos...
Se alguma dor nos fere, e nos castiga,
É pensarmos no tempo, que perdemos!

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Verdor dos anos, inconsciência ou crime?
O amor tudo redime...

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AOS 24 ANOS!
Juvenal Antunes


Apesar de homem feito,
Não é só veneração o que sinto por ti...
É mais do que respeito,
Vejo ainda, como vi,
Em menino, no teu olhar doce e sagrado,
O mesmo manancial
De ternura e carinho, oh! velho ser amado!
Oh! seio maternal!
Ainda o meu coração procura-te o calor...
Sinto, como senti,
Em menino, este puro, este infinito amor.
Tenho um desgosto imenso
De ser grande e pesado,
Não poder mais ser carregado
Por teus braços, no céu dos teus braços suspenso!
Afagas um netinho,
Todo aquele carinho
É um roubo feito a mim, que ainda por ele anseio...
Talvez digam que é feio...
Seja! Confesso ter ciúme do teu olhar!
Se a morte me escutar,
Quando te vier buscar para a eterna viagem
E houver de arrebatar-me aos olhos tua imagem,
Faça, com que também te siga, te acompanhe,
Minha querida mãe!

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AOS 32 ANOS!
Juvenal Antunes

Entre as do mundo fúteis criaturas,
Já vivi muito mais de onze mil dias;
E contando alegrias e amarguras,
Tive mais amarguras, que alegrias.

Engolfei-me em cismares e poesias,
Cantei, como poeta, as coisas puras,
Sem saber, coração, que recolhias
Desilusões passadas e futuras.

Hoje, cético estou. Bem tarde, embora,
Vejo só ter razão quem geme e chora,
E quanta idéia vã nos enfeitiça....

De orgulhos e vaidades me desprendo;
E, como um simples verme, vou vivendo
Na calma, na indolência, na preguiça!

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MAL DITOSO
Juvenal Antunes


Não sou como esses triviais amantes,
Que notam faltas na mulher amada;
És para mim, tão pura e dedicada,
Como as que são mais castas e constantes!

Quanto mais juras, quanto mais garantes,
Mentindo sempre à jura formulada,
A minh’alma, a teus pés ajoelhada,
Julga um bem todo mal com que a quebrastes!

Por ti faria acerbos sacrifícios...
Acho adoráveis todos os teus vícios
E justíssima a tua iniqüidade!

Faze de mim, se queres, um bandido!
Por teu amor é glória haver perdido
Honras, brio, fortuna
 e probidade!

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Nota: 

Louvo a terra acreana onde o poeta e boêmio - Juvenal Antunes de Oliveira (meu tio-avô), viveu por longos 28 anos, onde recebeu o honroso
título de Principe dos Poetas Acreanos, pela Academia Acreana de Letras,
da qual é patrono de honra.
A cidade de Rio Branco / Acre sempre festejou o poeta, a quem deu nome
de Ruas, Escolas, Praças etc. Nesse cenário, meu enorme agradecimento ao ex-prefeito de Rio Branco / Acre, Jorge Kalume, ao advogado e fervoroso de tio Juvenal: Cristiano Alves de Castro, Armando Nogueira e vários outros nomes de expressão literária.Um dia, por surpresa minha, buscando informações sobre o boêmio e poeta, encontrei, pelo Google, vários resumos biográficos e sonestos, descobrindo, em Natal, no Conjunto Pajuçara
Zona Norte de Natal - uma rua com o nome de Juvenal Antunes.
Descobri, também, um site de Glória Perez onde ela publica a foto acima, sem fazer a referência de como a conseguiu (como o fez Elson Martins - brilhante escritor acreano), claro, por meu intermédio (era uma foto inédita que encontra-se em meu poder).
Quem quiser conhecer melhor esse grande poeta, acesse o google ou saiba
mais inteiramente pela minha colaboração ao site do notável escritor
e jornalista Elson Martins:
Recomendaria o meu livro A Breve Coletânea de Juvenal Antunes:
que elogiava a preguiça, era poeta, boêmio, norte-rio-grandense, irreverente e...amava Laura -Edição comemorativa pelotranscurso dos 140 anos de emancipação política de Ceará-Mirim, porque dos 1.200 exemplares, só me restaram duas bonecaa do livro.
OBS: aos poucos vou publicando a obra de tio Juvenal.


Grata, Lúcia Helena Pereira

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