TEJO, SONHO LÍQUIDO
CARLOS MORAIS DOS SANTOS
São os sonhos da lonjura
São velas brancas a deslizar
É a esperança da aventura
Que ali se está a sonhar
São as minhas nostalgias do passado
As doces loucuras ainda a navegar
Num rio de vida já só iluminado
Por este sol de Inverno… a acabar
É o tempo, sem tempo
A correr para o mar
É a alma de um povo
Que ali vai a velejar
É o sangue da cidade
Que continua a palpitar…
É o Tejo, é o Tejo
Que da minha janela eu vejo
É o Tejo. É o Tejo
Que eu amo e que invejo
Porque ele sonha e alcança
As lonjuras da esperança
Porque ele percorre o tempo
Sem um choro ou um lamento.
E ali está todo a animar
Com velas brancas a deslizar !
E continua a sonhar
E continua à procura
Desses sonhos de lonjura
Que o levam até ao mar !
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QUANDO AS FLORES TAMBÉM MORREM
Carlos Morais dos Santos
Onde as flores tambem morrem
Onde os ventos são de morte
E as crianças deixam de ser esperança
E os jardins já não florescem
Onde os homens se dilaceram
Onde os ódios matam sorrindo
E a ganância substitui o amor
E o amor morre ao florir
Onde a crueldade tem rosto fino
Onde a violência oferece pão duro
E a fome é arma maior, definitiva
E as mães choram os seus filhos
Onde os fracos já não têm lugar
Onde os poderosos se vestem de arcanjos
E o apocalipse é circo – espectáculo
E as bombas anunciam novo Éden
Onde a terra é fertilizada com sangue
Onde o “progresso e liberdade” são mercadoria
E o inferno de destruição e morte são tributo
E os filhos da civilização mátria pagam vassalagem
Ali, onde os jardins suspensos da Babilónia
Outrora ensinaram a vida e a beleza
Ali, onde as crianças sonham com o ventre materno
Os homens caem moribundos, as flores tambem morrem.
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O TEMPO E O VENTO
Carlos Morais dos Santos
O tempo corre lento
Na vida em desalento
O tempo escapa-se veloz
Quando a vida é feroz
O tempo em contratempo
É um tempo sem sentido
O tempo é como o vento
Não tem destino definido
O tempo pode ser lamento
Ou uma razão de alento
Como o vento pode cantar
Ou também pode chorar
O tempo pode ser de amor
E também pode ser de sofrer
O tempo pode parar
O vento… tem de correr
O tempo pode não ensinar
O vento…está sempre a aprender
O tempo tem sempre idade
O vento…é só LIBERDADE !
Dr. Carlos Morais
Cônsul (Lisboa) Poetas Del Mundo
Prof.Univ. (apos.), Escritor, Poeta, Fotógrafo
Administrador/Editor (Portugal-Lisboa)
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