NOTÍCIAS DA LUSOFONIA

terça-feira, 29 de junho de 2010

Transcrevo estes lindos poemas do Dr. Carlos Morais.

TEJO, SONHO LÍQUIDO
CARLOS MORAIS DOS SANTOS

São os sonhos da lonjura
São velas brancas a deslizar
É a esperança da aventura
Que ali se está a sonhar



São as minhas nostalgias do passado
As doces loucuras ainda a navegar
Num rio de vida já só iluminado
Por este sol de Inverno… a acabar



É o tempo, sem tempo
A correr para o mar
É a alma de um povo
Que ali vai a velejar
É o sangue da cidade
Que continua a palpitar…

É o Tejo, é o Tejo
Que da minha janela eu vejo
É o Tejo. É o Tejo
Que eu amo e que invejo



Porque ele sonha e alcança
As lonjuras da esperança
Porque ele percorre o tempo
Sem um choro ou um lamento.

E ali está todo a animar
Com velas brancas a deslizar !



E continua a sonhar
E continua à procura
Desses sonhos de lonjura
Que o levam até ao mar !

************************

QUANDO AS FLORES TAMBÉM MORREM 
Carlos Morais dos Santos

Onde as flores tambem morrem
Onde os ventos são de morte
E as crianças deixam de ser esperança
E os jardins já não florescem


Onde os homens se dilaceram
Onde os ódios matam sorrindo
E a ganância substitui o amor
E o amor morre ao florir


Onde a crueldade tem rosto fino
Onde a violência oferece pão duro
E a fome é arma maior, definitiva
E as mães choram os seus filhos


Onde os fracos já não têm lugar
Onde os poderosos se vestem de arcanjos
E o apocalipse é circo – espectáculo
E as bombas anunciam novo Éden


Onde a terra é fertilizada com sangue
Onde o “progresso e liberdade” são mercadoria
E o inferno de destruição e morte são tributo
E os filhos da civilização mátria pagam vassalagem


Ali, onde os jardins suspensos da Babilónia
Outrora ensinaram a vida e a beleza
Ali, onde as crianças sonham com o ventre materno
Os homens caem moribundos, as flores tambem morrem.

***********************************

O TEMPO E O VENTO
Carlos Morais dos Santos



O tempo corre lento
Na vida em desalento
O tempo escapa-se veloz
Quando a vida é feroz



O tempo em contratempo
É um tempo sem sentido
O tempo é como o vento
Não tem destino definido



O tempo pode ser lamento
Ou uma razão de alento
Como o vento pode cantar
Ou também pode chorar



O tempo pode ser de amor
E também pode ser de sofrer
O tempo pode parar
O vento… tem de correr
O tempo pode não ensinar
O vento…está sempre a aprender
O tempo tem sempre idade



O vento…é só LIBERDADE !
Dr. Carlos Morais
Cônsul (Lisboa) Poetas Del Mundo
Prof.Univ. (apos.), Escritor, Poeta, Fotógrafo
Administrador/Editor (Portugal-Lisboa)
do blog:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será bem vindo!