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sexta-feira, 18 de junho de 2010

HOMENAGEM A FLORBELA ESPANCA‏ - POR JOAQUIM EVONIO ( ESCRITOR PORTUGUÊS)

HOMENAGEM a FLORBELA ESPANCA

FLORBELA

Algures no plaino invernoso, uma flor brotou, espontânea e silvestre.



Olhou em redor, aspirou os aromas do natal próximo. Nem por isso se sentiu menos isolada.


Estames e estigmas tentaram o diálogo. Terminou em solidão.


Essa flor, a única que enfeitava a charneca, tal como um só farrapo de nuvem rompia a monotonia celeste, trazia consigo um firme propósito: Viver. Viver plenamente.


Como se tal fosse possível para quem nasce e vive fora do seu tempo!


Prenúncio de luta desigual, inconformista e frenética.


Não desistiu. Várias vezes passaram as quatro estações. Delas sorveu os néctares e os guardou no sacrário do seu gineceu.


As pétalas permaneciam secas quando mais precisavam dum orvalho regenerador.


Fazia-se tarde na vida, a esperança fenecia.

Olhou em redor, aspirou os aromas do natal próximo. Nem por isso se sentiu menos isolada.

Estames e estigmas abraçaram-se num amplexo de despedida.

Serenamente se deixou estiolar e morreu. De saudade.


joaquim evónio
(Vila Viçosa, 8.12.98)


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Epanáfora Amorosa



À Florbela, minha Irmã


Dedos receosos e famintos buscaram harmonia nos teus seios.
Descobriram contornos perenes e titilaram erecções estonteantes.
Lábios loucos morderam e beijaram, sofregamente lentos.
Um ardor incestuoso irrompia das fragas vizinhas.
Pouco importava, no calor da charneca, fria solidão nas almas.
Juntaram-se as bocas, comunhão dos espíritos.
Deram-se as mãos, entrelaçaram-se braços e corpos que tanto se haviam desejado.
A viagem prosseguiu pelos anseios dos vultos nus.
Nasceram oásis, floresceram rosas.
Silêncio da noite, carícias ardentes.
A paisagem invejava a delícia do encontro, projecção do eterno.
Aconteceu amor.
Para sempre.

joaquim evónio
Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1998


SOBRE JOAQUIM EVÓNIO... 



JOAQUIM EVÓNIO

Nasceu no Funchal, Madeira - Portugal, 1938.



Publicou “Sombra em Clave de Sol”, Contos, Universitária Ed. Lisboa, 1999 (esg.) e “Esboços Pessoanos”, (3.ª ed. bilingue), poemas sobre desenhos de José Jorge Soares, Edições Ceres, Lisboa, 2006.



Autor de diversos ensaios, prefácios e recensões. Antologiado em várias obras.



Membro da Associação Portuguesa de Escritores (APE), da Associação Portuguesa de Poetas (APP), do Instituto Açoriano de Cultura (IAC), da União Lusófona das Letras e das Artes (U.L.L.A) e sócio honorário da Ordem Nacional dos Escritores do Brasil (ONE).



Gere, desde Fev 2004, a “Varanda das Estrelícias - Uma Ponte sobre o Atlântico” - http://www.joaquimevonio.com/ -, onde promove a difusão da língua e cultura lusófonas, recebendo colaboração de Artistas, Poetas e Escritores exclusivamente em:



(artes plásticas, poesia e prosa).

Contactos: je-007@netcabo.pt

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Tudo pela Lusofonia, nada contra a Humanidade

 







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