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domingo, 6 de junho de 2010

RECADO DO AMIGO "SILVINO POTÊNCIO" PORTUGUÊS RADICADO EM NATAL/RN

TREM DO FORRÓ 

NATAL/CEARÁ-MIRIM!!!!!

Olá! Nobre Poetisa da Terra dos Engenhos...



Caso ainda o não saiba, dia 19 próximo haverá um TREM DO FORRÓ - NATAL ATÉ CEARA MIRIM com partida prevista no final da tarde da REFESA/Ribeira e retorno pela meia - noite!



Não tenho a programação completa mas posso indicar o contato a quem estiver interessado!



Por hoje são estas as noticías da "santa terrinha"... em anexo deixo-lhe um texto extraído do meu livro "Curriças de Caravelas - Trovas Comentadas" que é uma homenagem minha a todos os Emigrantes Transmontanos, em especial aos naturais da minha Aldeia.

Abraço a voismecê e até breve...

Ah sim... em princípio devo estar lá no trem também, mas ainda sem confirmação.



Silvino Potêncio
Poeta português de Mirandela
Atualmente radicado em Natal/RN

TEXTO DO LIVRO DE SILVINO POTÊNCIO
"Curriças de Caravelas - Trovas Comentadas"




Seguindo a máxima do escritor Russo Leon Tolstoi, <<...Se queres pintar o Universo, começa por pintar a tua Aldeia"...>> ele nos intimou a começar por escrever um livro sobre a nossa saudosa Aldeia aonde nascemos já há mais de seis décadas.



Por isso hoje resolvemos extrair aqui alguns trechos deste livro o qual submetemos à apreciação dos leitores de Varanda das Estrelicias, bemo como dos nosso Blogs.

Antecipadamente deixaos o nosso muito obrigado pela leitura!...


Um fraterno e forte abraço!







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Freguesia de Caravelas



(Situada no Concelho de Mirandela – Trás-Os-Montes)



Portugal





Num passado longínquo, Caravelas terá pertencido ao concelho de "Vilar de Ledra", e embora se encontrasse praticamente despovoada nos inícios do século XII,... A sua fundação paroquial parece, ao que tudo indica, datar do século XVI, altura em que foi separada da freguesia de Santa Maria de Bornes.



A nível administrativo, a pequena localidade de Caravelas manteve-se sempre ligada a Bornes, vindo a instituir-se, já no século XVIII, como pequeno concelho dependente do de Mirandela. O século XIX traria, contudo, alguma instabilidade administrativa, daí se explique que Caravelas tenha sido transferida para o concelho de Cortiços, aí permanecendo até 31 de Dezembro de 1853, altura em que passou para o de Mirandela.



A 24 de Outubro de 1855, Caravelas voltaria, definitivamente, para o concelho de Mirandela, aí permanecendo até hoje.



Intimamente ligado à História de Caravelas está o nome dos Marqueses de Távora, seus donatários até o ano de 1759, data em que a freguesia passou para as mãos da Coroa Real, aí ficando até 1834.



Outro marco histórico a ter em conta prende-se com a fundação da primeira Escola Primária de Caravelas, cuja origem remonta ao século XIX, mais precisamente a Março de 1864, altura em que foi lançado o decreto para a sua construção.



Aliada à riqueza histórica desta pequena localidade está a beleza natural das suas paisagens. Caravelas guarda os traços típicos do Nordeste Transmontano rural, com as suas casas tradicionais, nas quais se destacam as largas varandas em madeira. Os invernos amenos contrastam com os verões quentes e secos, conferindo as condições ideais para o cultivo da oliveira, da vinha, da amendoeira ou do sobreiro.



No centro da freguesia destacam-se a Igreja Matriz e o Largo Principal, com a sua “fonte romana” e o “coreto”, onde actua a banda em dias de festa.





(IV)





Como reza o sacramento,



do "entrudo" à semana santa; (3)



Casam todos em pensamento,



por baixo e por cima da manta.





.... Aquela que não tem namoro,



nem marido ou pretendente;



.... No fim da noite e em coro,



era "serrada" em fogo ardente!





(3) Durante as noites da quaresma, ou sejam os quarenta dias que antecedem a Páscoa... e logo a seguir à quarta-feira de cinzas, os rapazes solteiros, seguindo a tradição, eles se reuniam numa Curriça que existia lá no alto do povoado, na saída do caminho que leva ao alto da Serra pelo meio dos Castanheiros.



- Ali se juntavam à volta de uma fogueira, e utilizavam um "funil" como alto-falante, para satirizar as gentes do povo.



- Alguns factos pitorescos acontecidos na vida comunitária da aldeia, quer fossem recentes, ou até já antigos, eles geravam grandes discussões e berros no “funil” que ajudavam a passar as longas noites de inverno.




(V)




Mas não são só raparigas!,...



Velhas... novas.... ou sem idade;



Em Caravelas das cantigas,



Os amores não teem maldade!





-- Moçoilas e jovens mancebos,



todos entram pelo funil...



--- Os rapazes não soberbos,



Brincam e gritam de forma viril.







(VI)



(Eiiiiiiiii!!!...Ora aatão “munto boas neites”



– pobo de crabelas!!!...)







Este era geralmente o “grito de boas noites”!... alardeado na entrada da noite, depois da Ceia, pelo primeiro que chegava à Curriça do cimo do povo, e... depois de acender a fogueira, começava a chamar a “malta” para mais uma rodada de brincadeiras sem maldade, embora por vezes, de certo modo, algumas delas se tornavam embaraçosas para os ouvintes que as escutavam dentro das casas, não raramente já na cama antes de pegar no sono...



Conversas de soalheira e intrigas de vizinhos sempre os houve... e há-de haver!!!, enquanto a humanidade existir. O diferencial da Curriça de Caravelas era a sonoridade que sespalhavam por sobre os telhados das casas da Aldeia que naquela época chegou a comportar quase 600 Almas espalhadas pelas casas geograficamente agregadas em volta do Terreiro central, aonde se situavam a Fonte Romana que recebe água da Fonte da Mãe D’àgua lá do Alto do Mourel, o Coreto, o Tanque de Lavar Roupa, e toda a convergência das várias ruas vindas dos diversos caminhos de acesso ao termo.





- Atenção, atenção!,...



... c’agora eu vou a falar,...



Ao pobo de Caravelas!



Nós “estêmos” aqui reunidos p’ránunciar,



(a todos!, ... a eles, e a elas!!!!...)





Qu’esta neite nós vamos a ajuntar,



a “mula” preta do curral do fundo do povo!



--- E ó Jerico do Tonho “burmelho”



- p'ra fazerem tudo de nobo!!!





>>> Antes de prosseguir com estes comentários, os quais são todos elaborados de memória, gostaria de ressaltar a independência de julgamentos ao citar nomes e apelidos daqueles que ainda estejam vivos (quem dera pudéssemos poder encontrá-los todos algum dia... para lhes declarar isto ao vivo!... quem dera!!!).



“Curriças de Caravelas – Trovas Comentadas”...Trata-se de um livro que, humildemente, pretende apenas homenagear a todos os que nasceram e/ou viveram na Aldeia de Caravelas, bem como a todos os que vieram depois de nós, naturais de lá!...





Nota do Autor: Embora alguns dados biográficos aqui colectados através da pagina virtual da Secretaria e do Centro Cultural de Mirandela, correspondam a pesquisas elaboradas por pessoas que certamente estão melhor preparadas para as divulgarem literáriamente, entendemos nós que as “Trovas” da nossa autoria acrescentam relatos de factos e vivências pessoais, as quais certamente poderão ser testemunhadas por alguns dos citados aqui, a quem prestamos nossa sentida homenagem!... Obrigado por dividirem o vosso precioso tempo conosco, ao ler este livro que submetemos ao vosso criterioso sentido de avaliação independente de qualquer mérito acadêmico, ou análise filológica que por ventura venha a ser questionada.



O objectivo deste livro é bem mais simples, e destina-se a todos os leitores, sejam eles meus conterrâneos ou não!... que, pela Graça do Deus Pai Todo Poderoso nos juntou neste recanto maravilhoso ao qual sem falsa modéstia, apelidamos de As Nossas Terras Altas Transmontanas – Caravelas de Mirandela.





(in: “Curriças de Caravelas” de : Silvino Potêncio )



Curriças De Caravelas

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