Rua Heráclito Vilar. Ceará-Mirim/RN
Imagem enviada pelo Dr. Pedro Simões.
A vontade é de dizer, como Cassimiro de Abreu, "Ah que saudades que tenho..."
Curtam e se transportem a outro tempo, nesta rua que, "se fosse minha eu mandava ladrilhar".
Quantas recordações: o cinema de Jorge Moura, o casarão de Doutor Canindè (hoje a biblioteca), a minha casa - geminada - vizinha ao casarão de Seu Chicó e Dona Alzira; do outro lado, a casa musical de Dona Celina e Adália e o "Café de Cleto", o sobradinho de Batu Sá... Ah, meu Deus! Como nós éramos felizes e não sabíamos...
A rua está deserta, como se clamasse por nossa presença, pela nossa condição humana, muito humana, de quem, como o poeta Hermes Fontes, sofreu e amou "...e quanto mais sofrido, mais amado, (e por isso)pode sentir no coração ferido, o seu altar, o seu apostolado."
Está chuvosa a rua. As enormes poças d´água, formadas pelas lágrimas do céu, também sugerem a saudade.
E lá vem a tarde caindo, anunciando a noitinha. Já as donas de casa fervem o café e a rua se inunda de um irressistível e sugestivo aroma caseiro. (Já repararam que, quando ficamos maduros, os sabores e aromas, mais que quaisquer outras coisas, ativam a nossa memória mais feliz.)
E já João Neto manda retirar da fornalha os pãezinhos quentes que vão fazer parelha com o café. E, já, já, Anchieta de Doutor Canindé e Adália de Dona Celina, vão começar o duelo musical que reunirá pássaros embriagados, borboletas panãs-panãs mal saídas do casulo, notívagos precipitados pelo advento da noite e os ouvidos infantis adocicados com açúcar impropriamente chamado de "bruto", que de bruto não tem nada, é doce com a música no ar.
Ah que saudades de uma época que parou no tempo, mas não voltará jamais...!
Beijos a abraços
Pedro
Professor de Direito aposentado.
Escritor. Advogado.
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