NOTÍCIAS DA LUSOFONIA

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O POETA E ESCRITOR "CIRO JOSÉ TAVARES" ENVIA-ME DOIS LINDOS POEMAS.

DR. CIRO JOSÉ TAVARES (*)

Imagem: Dr. Ciro Tavares e Ceicinha Câmara, no dia do "II Sarau do Reencontro", realizado em 22 de Janeiro/2011, na cidade de Ceará-Mirim/RN. Senti-me lisonjeada, pois Dr. Ciro saiu de Brasília (capital do Brasil) onde reside atualmente, a caminho do Rio Grande do Norte para passar uma semana visitando várias instituições culturais e participar deste evento. Isto é amor a arte, a cultura, a poesia... Obrigado, amigo! Sua presença foi muito importante para abrilhantar o nosso sarau.

Guenevere

And when sir Lancelot was come to 
Amesbury within the nunnery
Queen Guenevere died 
but half an hour afore.”  
Thomas Malory
The Morte Darthur


            Aqui, minha rainha, no mosteiro de Windsor,

            exilado porque banido da tua companhia,
            arrependo-me. Concluída a penitência,
            retorno à Camelot e não será um reencontro.
            Tua censura tem doído e desabo diuturnamente.
        Aqui, minha rainha, quando a noite chega,
            renasce a esperança nos melancólicos ocasos.
            Na silenciosa escuridão da cela onde reflito,
os ritmados cantos dos rouxinóis
quebram o silêncio de minhas orações
e aurora estende sobre mim inconsútil manto de saudade.
Dois poemas que pensei que seríamos um dia,
a presença de Arthur, teu rei,afastou nossas mãos.
            Resta-me, Guenevere, na futura solidão dos dias,
            respirar novamente o aroma das flores nos jardins,
            vestir a armadura  e viajar no meu cavalo branco.
            E Lancelot, heróico cavaleiro da Távola - Redonda,
            desaparecerá definitivo no seu tempo
            submerso nas lágrimas dos beijos esquecidos.

Ciro José Tavares

Janeiro de 2011.

Último poema do ciclo de Penélope.

“E quando sir Lancelot chegou ao interior do convento de
Amesbury, a rainha Guenevere morrera meia hora atrás.”

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ANDANTE

Cavaleiro sou, castelos conquistei

e  corações das damas com canções de amor.
As inquebráveis cordas do alaúde,
São dos cabelos de Dandrane, irmã de Parsifal,
meu condutor na jornada à Terra Santa
para juntos encontrarmos o cálice sagrado,
com o sangue recolhido do corpo de Jesus.
Na volta ao rei mostramos mãos vazias, sonhos fugidios.
E vaguei por vagar, além do Mosela e do Loire,
ouvi nas cantigas das ninfas as lembranças.
Longos vestidos rendilhados das senhoras,
O crepitar dos archotes suspensos nos salões,
a suavidade musical das sarabandas,
o arrebatamento no bailado dos casais,
 diáfanas brumas dos albores nas campinas,
vésperas sob vermelhos e amarelos dos ocasos,
 luz dos plenilúnios derramada nos jardins,
a beleza céltica dos gestos refletida nas donzelas.
Cavaleiro fui, consumido pelo tempo,
Que me fez cúmplice da dor e da saudade,
Andarilho solitário, vigia de estrelas.
E vaguei por vagar despido de escudos e armaduras,
na busca do Santo Graal que jamais encontrarei.

Ciro José Tavares 
Fevereiro de 2011.

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(*) Poeta, escritor e advogado. Nasceu em Natal/Rio Grande do Norte. 
É membro da Associação Nacional de Escritores (ANE), da UBE - União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro e Sócio honorário da UBE/ RN. 
Resgatou, no livro Álbum de Versos Antigos, a poesia de sua tia-avó Adelle de Oliveira, professora e poetisa do Ceará – Mirim, reconhecidamente o maior nome feminino do Parnasianismo potiguar. Em 2010 lançou o livro Anêmonas, também no campo da poesia. Integra diversas antologias, em Brasília, São Paulo e Recife e escreveu artigos nos jornais de Natal, e revistas culturais. 
Atualmente residindo em Brasília é casado com a advogada e pedagoga Zuleide Teixeira e pai de uma filha, Adele.


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