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sábado, 19 de fevereiro de 2011

DIVULGANDO "POETAS DEL MUNDO"


Literatura e vendas. 
Por Fátima Nascimento*
POETA PORTUGUESA
DE LISBOA

PORTUGAL: Não há receitas para vendas. Também não há receitas para o valor literário de uma obra. O que para uns é bom para outros não tem valor. Tudo é subjectivo. Mas também não tem que haver comparações. Cada obra é um universo e vale enquanto tal. Não importa a forma como está narrada. Pode contar-se uma história do fim para o princípio ou do meio para o fim e depois para o início desde que tal prenda a atenção do leitor, numa tensão narrativa que o faz não conseguir desviar os olhos do livro. Não acredito em elitismos que promovem uns autores em detrimento de outros com justificações que muito deixam a desejar. Também não acredito em obras melhores do que outras. Cada qual tem o seu valor. E também não acredito que o que mais vende tem de ser forçosamente de qualidade inferior. Cada obra tem o seu perfil de leitor e vice-versa. Há que respeitar. Mas não há autor que, em entrevistas e outros momentos, não dê uma “facadinha” noutras obras. Não sei a causa disto. Não faço a mínima ideia. Nem nunca me passou pela cabeça fazê-lo. Só sei que umas obras me agradam e outras não. Uma das formas de escolher um livro é abri-lo e ler um pouco para descobrir a forma como o autor escreve. Não é para o avaliar mas tão-somente para saber se a forma como escreve, isto é, o seu estilo, me agrada ou não. Nunca me passou pela cabeça avaliá-lo. Também os autores que mais vendem não têm de ser vistos como aqueles que menos qualidade têm. Cada qual tem a sua. Nunca compreendi a forma como certos críticos e alguns autores se atiram como predadores às obras de outros. Todos se esquecem que não há regras na literatura embora a queiram, não sei porquê, regular. Todo o regulamento é feito por homens que pretendem incluir neles as ideias que julgam mais importantes. Talvez por isso mesmo haja mais do que um. Não sei. Para mim, a qualidade tem a ver com o apreciador. E este, por muito que pretenda ser objectivo, há sempre um factor subjectivo do qual não se consegue desprender. Talvez porque a literatura não tem forçosamente de ser científica. Se calhar não é, embora todo o estudo tenda a apontar alguns caminhos para o que se julga bom. A qualidade também não tem de se prender ao estilo mas ao conjunto da obra. Porque cada obra é, em si, um universo e não vale mais do que isso. E, se agrada à maioria dos leitores, tanto melhor, caso contrário tanto pior. O leitor é soberano por muito que queiram aliciá-lo com este ou aquele comentário. Quantas vezes encarei com argumentos do tipo. “Adoro este autor” e, frente à resposta “Eu não!” respondem prontamente contrapondo ao que o outro dissera “Ah, eu adoro!”, com a voz a traduzir uma certeza e, às vezes, uma certa insegurança sobre aquilo que o outro possa pensar dele ou dela. Ninguém sabe o que é melhor para si do que o próprio leitor. Ele é soberano. Deixem-no ler em paz!

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