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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Encontro de Escritores de Língua Portuguesa encerra com Literatura e Erotismo, em Natal/RN-Brasil


Fechou com chave de ouro mais uma edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, no qual apimentadas ideias debateram o tema final “A Literatura e o Erotismo”, num painel composto pelos escritores portugueses Mário Zambujal, João de Melo, Celina Veiga de Oliveira e Nuno Camarneiro e pela são tomense Alice Goretti dePina.

“Tema escorregadio e delicado” definiu Mário Zambujal no início da sua intervenção. Com ousadia e sem tabus, o escritor falou do “erotismo é como o sexo, toda a gente tem um”. Relembrou o seu primeiro encontro com a literatura erótica, aos 13 anos de idade. Um pouco de história de Portugal, no sentido em que a prevaricação estimula o erotismo, da família Avelar, Bocage e de Maria Teresa Horta escolhidos como exemplos de associação entre o sexo e o romance. Para Mário Zambujal “essa aprendizagem tranquila e lenta (do erotismo) faz-se descobrindo”.

Celina Veiga de Oliveira discorreu sobre “O conto (pouco erótico) na obra de três escritores macaenses”, a sensibilidade e erotismo a oriente, dos poemas de Camilo Pessanha e dos trajes e costumes de Macau.

“Pequenos e grandes prazeres: O Corpo” foi o tema escolhido por João de Melo que, com metáforas e ousadia, confessou ter amado “literariamente gente inventada na criação da linguagem”. O escritor açoriano falou dos pequenos prazeres, como a “água que nos mata a sede, os elogios, a amizade, o amor familiar, os presentes amáveis” e os grandes prazeres a “glória da vida, o sexo e o amor, a boa mesa, a cama”. Entre uns e outros, existe a felicidade. Devemos “ resignarmo-nos a aceitar as doenças e as dores” do corpo, pois passa por tanto. Definiu o erotismo literário como uma “aventura de extremos”. Viajando pelo corpo, prazer, tentações, intimidade e desejo, falou-nos da perturbação e da paixão, ainda jovem, por uma senhora que lera num romance, “sonhos de adolescente” como o definiu. Relembrou a literatura erótica de Bocage, da perdição de Luísa no “Primo Basílio” do Eça de Queirós, do Casanova, Marquês de Sade, Jorge Amado e “A Casa dos Budas Ditosos” de João Ubaldo Ribeiro.

Para a São Tomense Alice de Pina o “erotismo é tão natural como é a gastronomia e o humor” e relembrou a linha ténue entre o erotismo e a pornografia. Para a escritora do “Dia de São Lourenço” o erotismo está “muitas vezes em nós e na importância que lhe queremos dar”. Abordando o tema “Em Malanza”, Alice leu um texto da paixão entre Castela e Alécia e na vontade da entrega entre ambos, na paixão e no desejo.

O painel do dia 8 de novembro, terminou com a intervenção de Nuno Camarneiro, um escritor formado em engenharia física e que ganhou o prémio LeYa, este ano, com o romance “Debaixo de Algum Céu”. Com o tema “O lábio cego”, o escritor evocou Manuel de Barros, um “velho louco” como definiu. Para Nuno Camarneiro é difícil estabelecer uma fronteira entre erotismo e a pornografia, afirmando que provavelmente “erotismo é o que gostamos de ler em público e o sexo o que gostamos de ler em privado”. Relembrou a obra “A Casa dos Budas Ditosos”, de João Ubaldo Ribeiro, como um livro com um “erotismo único, libertário e transgressor”.

Matéria transcrita do site da UCCLA

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