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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O cante do Alentejo já é Património Cultural Mundial

Ensaio do Grupo Coral e Etnográfico "Os Camponeses de Pias.
Imagem: Nuno Ferreira Santos 

Na manhã do dia 27 de novembro de 2014, em Paris, a UNESCO aprovou a inscrição do "Cante Alentejano" na lista representativa do património cultural imaterial da humanidade.

Portugal foi convidado a “intervir para partilhar a sua alegria” e 21 membros do Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, todos homens, surgiram em palco nos seus trajos rurais, chapéus pretos e cajados, e cantaram , durante breves minutos, a canção Alentejo, Alentejo. Telemóveis e tablets despontaram um pouco por toda a grande sala da UNESCO, para registar o momento.

O cante é a terceira nomeação portuguesa a ser consagrada internacionalmente pela UNESCO, depois do fado em 2011, e da dieta mediterrânica em 2013 (uma candidatura apresentada em conjunto com Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Chipre e Croácia).

Não houve quaisquer objecções à nomeação portuguesa, e só o Brasil – que viu a roda de capoeira integrar a mesma lista no dia anterior – pediu a palavra para felicitar brevemente a inclusão do cante. “Temos apreço pela nossa herança portuguesa e estamos tão emocionados quanto os portugueses”, disse a delegada brasileira.

Eram 11h17 em Paris (10h17 em Portugal) quando a inscrição do cante alentejano na lista do património cultural imaterial foi aprovada e formalizada – depois de nove outras candidaturas.

Confira mais detalhes AQUI!

Sobre o CANTE ALENTEJANO... 

Alentejanos com seus trajos rurais,
chapéus pretos e cajados.

Cante Alentejano é um género musical tradicional do AlentejoPortugalÉ um canto coral, em que alternam um ponto a sós e um coro, havendo um alto preenchendo as pausas e rematando as estrofesNo cante sobrevivem os modos gregos extintos tanto na música erudita como na popular europeia, as quais restringem-se aos modos maior e menor Esta face helénica do canto poderá provir tanto do canto gregoriano como da cultura árabe, se bem que certos musicólogos se apercebam no cante de aspectos bem mais primitivos, pré-cristãos e possivelmente mesmo pré-romanos.  Antigamente o cante acompanhava ambos os sexos nos trabalhos da lavoura. Público era também o cante nos momentos masculinos de ócio e libação, seja em quietude, seja em percurso nas ditas arruadas. Público ainda era o cante mais solene das ocasiões religiosas. Outro cante existia no domínio doméstico, onde era exercido principalmente por mulheres e no qual participariam também meninos.

Alentejanas em trajes típidos.
Imagem: Blogue Café Portugal
Após a Segunda Guerra Mundial, a progressiva mecanização da lavoura, a generalização da rádio e da televisão, assim como o êxodo rural massivo causaram o declínio do género. Hoje o cante sobrevive em grupos oficializados que o cultivam, mas já sem a espontaneidade de outrora, limitando-se eles a recapitular em ensaio o repertório conhecido de memória, amiúde sem qualquer registo escrito nem sonoro e já sem acção criativa. Apesar de serem estes grupos e a sua manifestação em festas, encontros e concursos os guardiões da tradição, em numerosos casos progride neles o afastamento da dita com a inclusão no repertório de peças estranhas ao cante, instrumentação e adulteração de peças tradicionais num sentido mais popular, com destaque para o desvio direito ao fado, numa tendência de avivamento do género que visa torná-lo mais garrido. Já Património da Humanidade, "o que importa é dar futuro a este Cante, para expressar as novas dinâmicas de mudança, a melhoria dos quadros de vida, a atracção e fixação de novas gentes e o sucesso crescente desta região como território turístico. E também escrever-lhe uma história, ainda em falta." (Fonte: Wikipédia)

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